segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Segredo da Escuridão - Contos Sombrios 03

O Retorno a Roma
por E.H.Mattos
Transcrito por Kane Ryu

Haviam passado poucas décadas desde que deixou Roma e isso foi logo depois do fim do império de Augusto, o primeiro imperador romano. Beatrice havia deixado a cidade resignada a nunca mais voltar. Porém a palavra 'nunca', para uma vampira, era algo complicado de se aplicar e ela acabou não resistindo a saudade de sua amada cidade natal. Afinal o 'nunca' melhor aplicado era aquele que informava o fato de não deixar de ser uma romana e continuar sendo, mesmo que dois mil anos se passassem.

A vampira caminhava nas ruas da capital do mundo novamente. Nunca imaginou que sentiria tanta falta daquela cidade e depois de décadas longe, muita coisa tinha mudado. Além do fato do imperador não ser Augusto, havia um clima sombrio no ar. A cidade parecia ter caído em trevas e não era só porque vampiros viviam ali, os humanos também estavam vivendo em clima de confronto diante das insanidades e sede de poder de seus governantes, assim como divergências filosóficos e religiosos.

Ela tinha jurado que após o fim do império de Augusto, não ia se envolver em política humana, muito menos na romana e preferia ignorar até quem estava no poder, pois sabia que não duraria muito por lá, pelo pouco que soube ao caminhar pelas ruas da cidade.

Também não queria conversa com nenhum dos seus e caçava solitária por Roma, evitando qualquer um que não tivesse interesse em toma-lhe o sangue.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Segredo da Escuridão - Contos Sombrios 02

Uma visita para Beatrice
por E.H.Mattos
Transcrito por Kane Ryu


Beatrice olhava seu reflexo no espelho com atenção. A pele tão branca como a mais pura porcelana, os cabelos encaracolados, dourados como ouro, e com feições pequenas e delicadas; ela possuía a aparecência de um anjo renascentista. Porém a blusa azul escuro de abotoar e o jeans vermelho sangue que usava, quebrava um pouco esse ar angelical. Além disso, os olhos azuis, tão claros e brilhantes que pareciam ter luz própria, tinha uma malícia que não combinava com um ser celestial.

Por um momento, ela deixou escapar um riso divertido, enquanto se maquiava.

“Eu ia ficar louca se não tivesse reflexo”, pensou a vampira sorrindo largamente, exibindo seus pequenos, mas pontiagudos caninos.

_ Acho que toda vampira ficaria. _ Beatrice escutou uma voz masculina a suas costas, que a fez extremecer.

Aquela voz, a tanto tempo em silêncio, parecia vinda de algum lugar de seu inconsciente, das profundezas de sua alma. Vinda direto de um passado a muito distante. Só que não era um delírio seu, ele estava ali. Ela sentia sua presença, sentia até o cheio de sua pele... Definitivamente não era coisa de sua mente.

Olhou para o espelho e nada viu, mas ele estava ali. Beatrice moveu um pouco a cabeça e pode comprovar pelo canto do olho, o que o espelho insistia em manter oculto. Era ele, parado bem a porta do banheiro, seu criador, o vampiro que a tornou imortal.